segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Somos a pedra no nosso caminho...

Não sou muito de Natal nem de Ano novo, mas concordo com este belo poema de Drummound enviado pelos meus amigos Rubens e Leyla. Às vezes, somos a pedra no nosso caminho e nem nos damos conta. Colocamos todas as nossas expectativas em algo exterior e, como diz a música do Ira! postada aí embaixo, as respostas estão em nós. Deliciem-se com este poema e com a ceia também!

Receita de Ano Novo(Carlos Drummound de Andrade)

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ver,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra
birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta ou recebe mensagens? passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

2 comentários:

alex-J disse...

Sem dúvida, é a gente mesmo que se atrapalha... assim como o conserto das cacas também é individual. É engraçado pensar que independente de esposa, marido, filhos, pais e amigos, no final das contas, estamos sempre sozinhos. A responsabilidade é de cada um. não que esposa, marido, filhos, pais e amigos, não sejam importantes, ao contrário, são eles que tornam a viagem mais bacana e eventualmente nos mostram algumas coisas que precisamos consertar... bj!

Monica Munuera disse...

É verdade, Seu Jonas. Sem a família e os amigos, levantar dos tropeções fica mais difícil...
beijos!