quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Mário Quintana

Gente, esse poema do Quintana é tão 'eu' que me espanto cada vez que leio. Quando penso nas coisas que já me aconteceram na vida, percebo que essa é a melhor tradução de mim. Já me 'mataram' várias vezes, algumas de forma bem violenta, mas sigo iluminando meu caminho. Não tem nome, mas nem precisa...

Da primeira vez que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada...
Arde um toco de vela, amarelada...
Como o único bem que me ficou!

Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-lhe a luz sagrada!

Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai!
Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!

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